sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Noite

“Uma porta só pode ser aberta se estiver fechada” – disse W.
Mas J sabia que aquilo era uma besteira. O homem chegara na lua, por que não poderia abrir uma porta aberta?
“Lógica” – respondeu W.
Que lógica existe em se despachar num foguete, pisar num terreno cratecnoso, cravar uma bandeira e depois voltar com risco de explodir? A cachorrinha deve ter rido de nós.
“Ora, não argumente contra a lógica.” – finalizou W – “se hoje estamos aqui, é por causa dela”.
E J não argumentou, apesar do sofisma que chafurdara em seus ouvidos. Entrou no seu quarto e fechou a porta, pois ela estava aberta. Fechou a janela, ligou o ar-condicionado. Mas não fechou a cortina. A lua é bonita lá no céu. Ninguém sabia, mas à partir do momento em que ele a enxergava ela era só sua. Seu enfeite. Sua instância. Não via bandeira nenhuma. Lógico, pensou.E, embora não soubesse como abrir uma porta aberta, JW, naquele momento, abraçava o mundo.