sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Beato

Odeio filhos abraçados,
Odeio as expressões fotografadas,
Tenho ódio dos cabelos de chapinha.
Odeio as inversões sempre avisadas,
Odeio estômagos embrulhados,
fingindo de amigáveis.
Odeio olhares ensaiados,
Odeio o pódio dos inocentes,
a fumaça dos cérebros
prepotentes.
Odeio o mijo dos leões,
demarcando o que é

porque disse que era.
Odeio as falas entre aspas
com ares baforados,
Odeio a força oculta
dos elefantes temerosos.
Odeio, e admito, tudo o que
me denuncia:
que me foca fraco
e humilhado.
Odeio, e sempre, não ser
tão bom quanto o meu ódio.
Odeio e não sei como
que de tanto ódio
por tudo isso
surge tanto amor
por tudo isso.